Rama dos 4 Caminhos

Aqui as sementes falam

A Rama dos 4 Caminhos percorre as raízes da história, teologia, antropologia e psicologia, reconstruindo a memória dos nossos ancestrais e antepassados. Nossa tradição guarda em suas raízes os saberes daqueles que vieram antes, dos que sobreviveram ao tempo e às sombras da alma humana, conduzindo o legado por meio de escolhas, sofrimentos e conhecimentos. Aqui habita uma comunidade ancestral de espíritos e descendentes, assentados em laços sanguíneos, em moradas de poder, enraizados no culto, manifestos em magia e feitiçaria.

Na foto, podemos ver uma das matriarcas de nossa árvore ancestral, Francisca Lourenço Ferreira, que foi casada com Luiz Izidoro Ferreira. À sua esquerda está Marlene e, à direita, Judite, suas netas, filhas de Rosária Ferreira. Francisca Lourenço Ferreira nasceu em 9 de março de 1865, em Taquari, Rio Grande do Sul. Nascida escrava, tornou-se liberta em 1888, após a promulgação da Lei Áurea.

Culto a ancestrais em Porto Alegre, Rio Grande do Sul
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Aqui as raízes compartilham o saber

Uma floresta não se mantém em pé com uma única árvore. É por meio da diversidade e do compartilhamento de nutrientes entre as raízes que uma floresta pulsa vida e memória ancestral. Nosso núcleo foi criado pensando no entrelaçamento de saberes, e é por meio desses entrelaçamentos que nossas raízes mantêm-se vivas no presente, na memória e no futuro. Pois toda semente carrega uma sabedoria ancestral.
Genealogia ancestral

Não há árvore sem raiz

A Rama dos 4 Caminhos propõe uma jornada rumo a memória dos antepassados.

Somos frutos, sementes e tronco de uma raiz ancestral. Viemos ao mundo como decorrência de uma infinidade de escolhas, nas quais a dor, o sofrimento e o esquecimento se entrelaçaram com alegrias e felicidades. Somos o resultado de caminhos que se cruzaram ao longo de um tempo infindável. Como consequência desse entrelaçamento de escolhas, perdemos nossa consciência de pertencimento, nossa consciência tribal, nossa relação com a natureza e com nossos semelhantes. A memória dos que vieram antes foi apagada, esquecida e ocultada — e resgatar essas memórias é uma forma de despertarmos, em nosso ser, a ancestralidade que habita nas profundezas de nossas almas.

Tradições e saberes

A Quimbanda como fundamento ancestral

A Rama dos 4 Caminhos fundamenta-se nos saberes ancestrais da Quimbanda. Não com um viés puramente religioso, mas com um aprofundamento antropológico, histórico, teológico e psicológico, no qual os sentidos são alargados, expandidos e fundidos em uma hermenêutica que nos possibilita oferecer aos nossos ancestrais e antepassados moradas de poder, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para virem ao mundo material em comunhão com nossa comunidade.

A Quimbanda, como tradição da Rama dos 4 Caminhos, tem suas bases na Quimbanda tradicional gaúcha, preservada desde os seus primórdios, em que a força do culto a Exús e Pombagiras manifesta-se por meio de um estreitamento espiritual e religioso entre o iniciado e o ancestral. Não é através de feitiços que o culto se torna vivo, mas pela disciplina; a grandiosidade não se estabelece pelo luxo, mas pela essência que encontra solo para se manifestar.

O corte sacrificial, aqui, não é canal de egos, vaidades ou orgulhos feridos, mas ato mágico de dar vida à realização de potenciais. Na jornada profunda da ancestralidade, o sangue é transmissão, e devemos honrá-lo em cada ato sacrificial. A faca, o corte e o sangue compõem um movimento, uma ação que reverbera em nosso ser, despertando os agentes transformadores da realização.

Exú e Pombagira são os condutores dessa ação, os mestres desse ato, aqueles que, pelo poder da raiz, do saber e da magia, tornam concreta toda potência entrelaçada em feitiçaria. O feitiço feito gera efeito, e é por esse meio que Exú e Pombagira reinam.

Aqui, na Rama dos 4 Caminhos, o sangue é derramado para nutrir as sementes, que despertam o poder ancestral adormecido nas profundezas de nossa alma.

As raízes ancestrais estão profundamente entrelaçadas às memórias da alma. Nutrir a memória é cultuar os ancestrais.